Feridas: Quais os Cuidados???

Todas as feridas devem receber uma atenção especial durante seu período de cicatrização. 

Elas podem ser decorrentes de várias etiologias, com evoluções positivas e rápidas assim como complicadas e contaminadas. 

Desde a antiguidade o acompanhamento assim como o tratamento das feridas são uma preocupação constante. 

As feridas são relatadas desde os egípcios quando observavam a cicatrização de feridas abertas e fechadas, assim como o processo de cauterização. Em 300 a.C., Hipócrates sugeria que as feridas fossem mantidas secas após lavagem com vinho e vinagre. Muito interessante também termos o conhecimento que foi Hipócrates que definiu a cicatrização por primeira e segunda intenção. No início da era Cristã, Celsius descreveu os pontos cardeais da inflamação, defendeu as suturas e o desbridamento das feridas contaminadas. 

E assim com a evolução no início do século XIX, o cloro e o iodo passaram a ser utilizados para limpar materiais médicos e a pele. Finalmente no século XX a complexidade das feridas mais definida com estudos e pesquisas direcionadas aos melhores tratamentos, à reparação dos tecidos e o envolvimento da cicatrização com os fatores sistêmicos do paciente. 

O tratamento deve ser acompanhado por um profissional da saúde capacitado, pois as feridas devem ser analisadas constantemente, lembrando que sua terapêutica estará relacionada com as fases de cicatrização. 

Destacamos a importância dos curativos que mesmo apresentando um objetivo comum, devem atender a especificidade de cada ferida individualmente. 

Falamos de curativos no blog anterior, mas vale a pena relembrarmos alguns itens importantes em relação às finalidades do curativo:

•       Proteção da ferida contra agentes patogênicos;
•       Remover o tecido necrótico com o desbridamento;
•       Reduzir intensidade de dor;
•       Reduzir edema e absorver exsudato;
•       Promover hemostasia;
•       Fornecer isolamento térmico;
•       Promover cicatrização.

Quais os tipos de feridas???

    Os tipos de feridas são extremamente extensos tornando-se complexo relacionarmos apenas dessa forma, pois na maioria das vezes os tipos de feridas dependerão das causas, no qual poderão ser várias. 

Podemos destacar:

•       Feridas por escaras, ou úlceras por pressão, comum em pacientes que são acamados;
•       Feridas por isquemia ou vasculogênicas, áreas que não possuem suporte nutricional, com diminuição de vascularização, com prognósticos ruins, pois podem evoluir para necrose;
•       Feridas decorrentes de deficiências nutricionais, pois para uma cicatrização adequada, o organismo precisa de macro e micronutrientes, aliada a uma boa hidratação;
•       Feridas decorrentes de deficiências nutricionais associadas a comorbidades como pacientes diabéticos, doentes renais, doentes hepáticos; obesidade, hipertensos;
•       Feridas associadas a lesões neoplásicas, no qual a cicatrização torna-se comprometida;
•       Feridas relacionadas aos procedimentos cirúrgicos;
•       Feridas por queimaduras, decorrentes de lesões traumáticas, causadas por choques elétricos, fogo, líquido quente, produtos químicos;
•       Feridas por mordedura, apresentando alto grau de contaminação;
•       Feridas com retardo de cicatrização consequentes de deficiências imunológicas;
•       Feridas mais comuns como perfurantes, corto-contusas, perfuro-contusas e escoriações. 

Independente das origens das feridas uma preocupação importante é a contaminação. 

Como podemos classificar quanto ao grau de contaminação???

•       Feridas limpas: feridas relacionadas a procedimentos cirúrgicos, grau de contaminação geralmente baixa em torno de 1 a 5%;

•       Feridas parcialmente contaminadas ou limpas contaminadas: conhecidas como potencialmente contaminadas, podendo ocorrer através de uma lesão por acidente, como faca de cozinha ou até mesmo pós-operatório com abertura de áreas contaminadas, potencial de contaminação em torno de 11%.

•       Feridas contaminadas: contato com áreas como terra, fezes ou outras sujidades, potencial de contaminação em torno de 21%.

•       Feridas infectadas: altamente contaminadas, decorrentes de aproximação com áreas como citadas anteriormente, ou respostas negativas a determinados antibióticos. 

Diante do vasto cenário das causas e evolução de cicatrização relacionados ao estado clínico do paciente, nos deparamos com vários métodos e protocolos de tratamento, que serão avaliados pela equipe responsável pela terapêutica. Sendo assim o início do tratamento consiste na limpeza das feridas e na aplicação dos curativos, prevenindo contaminação, infecção e promovendo cicatrização. 

Independente do tratamento instituído ao controle das feridas, vários insumos e medicamentos serão utilizados. 

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