Outubro rosa e o câncer de mama em cadelas 

No mês de outubro, lembramos a importância da prevenção do câncer de mama em cadelas.  Como já falamos anteriormente, daremos ênfase à conscientização na prevenção das neoplasias mamárias, com destaque à importância ao prognóstico precoce, através do acompanhamento veterinário constante. 

O câncer de mama, além de acometer fêmeas caninas, também poderá se desenvolver em gatas, porém com menor frequência, mas vale ressaltar que quando diagnosticadas na maioria das vezes são malignas. Além das fêmeas, os machos poderão ser acometidos pelo câncer de mama, mas da mesma forma que as gatas, machos raramente serão diagnosticados. 

A medicina veterinária nos últimos anos apresenta uma evolução promissora quando o assunto é terapia, os tratamentos que tínhamos disponíveis eram restritos a alguns tipos de câncer ou até mesmo a algumas espécies isoladas e somente em centros veterinários equipados.

Atualmente, além do desenvolvimento tecnológico, a oncologia se transformou em uma especialidade aprimorada e capacitada ao tratamento efetivo dos animais. 

Como é realizado o tratamento do câncer de mama em cadelas?

É sempre importante lembrarmos que o tratamento de qualquer enfermidade não é protocolo único, as comorbidades associadas e avaliação individual de cada paciente serão primordiais à escolha da terapêutica efetiva. 

Dentre as comorbidades podemos citar as metástases que poderão estar presentes na evolução dos tumores malignos, onde os principais sítios metastáticos são linfonodos, pulmões, e em menor frequência rins, fígado, pele, osso, cérebro e glândula adrenal, exigindo desta forma terapêuticas específicas.

Vários são os tratamentos instituídos, dentre eles:

Tratamento cirúrgico

É uma das terapias mais utilizadas na medicina veterinária quando o assunto é câncer de mama. Porém, dependerá da situação clínica do paciente, das comorbidades envolvidas e principalmente do estágio e do tipo tumoral. Muitas vezes teremos o tratamento clínico realizado anteriormente ao ato cirúrgico, proporcionando melhor margem cirúrgica com resultados promissores. 

Quimioterapia antineoplásica convencional

As drogas utilizadas na quimioterapia afetam tanto células normais como as neoplásicas, acarretando maior dano às células do câncer, interferindo no metabolismo celular, com o objetivo de levar à morte as células cancerígenas. 

Pode ser realizada apenas com uma droga, ou com uma combinação de drogas (poliquimioterapia), dependendo do tipo histológico do tumor. Além disso, a quimioterapia pode ser combinada com radioterapia e cirurgia. 

Quimioterapia antineoplásica metronômica

Essa terapia é a mais recente comparada à quimioterapia convencional, sua primeira utilização foi em 2002 em metástase no câncer de mama em mulheres. Baseia-se na utilização das drogas quimioterápicas convencionais em doses menores, em curto intervalo de tempo, reduzindo desta forma os efeitos colaterais, sendo indicada também a pacientes mais frágeis, com comorbidades associadas ou toxicidade à dosagem utilizada na convencional. 

Imunoterapia

Tratamento que visa combater o câncer através da ativação do sistema imune do paciente, inibindo a resposta neoplásica e com baixa toxicidade. O sistema imunológico dos pacientes portadores de câncer, fisiologicamente, é capaz de inibir o crescimento tumoral, porém várias neoplasias conseguem “driblar” a resposta imune, com evolução tumoral. Os intervalos do tratamento, assim como os demais, vão depender do estágio tumoral e qual tipo histológico, podendo ser diário, semanal ou mensal. 

Inibidores de Cox-2

A enzima Cox-2 está expressa de maneira mais efetiva em vários tumores malignos, incluindo o câncer de mama, quando comparado a tecidos normais. Acredita-se que os inibidores de Cox-2 atuem na carcinogênese de várias formas, dentre elas, apoptose, proliferação celular, imuno modulação, agressão do tumor, neo angiogênese, invasão tumoral. 

Inibidores de Tirosina quinase

A evolução das pesquisas, descobrindo as vias envolvidas em sinais desencadeados pela ativação de receptores específicos de células tumorais, tornou possível o desenvolvimento de terapias atualizadas como inibidores de tirosina quinase. É considerada uma terapia promissora na medicina humana, porém na veterinária as respostas positivas foram principalmente em gatas, espécie com boa tolerância à droga, em cadelas os estudos são realizados intensamente, confirmando gradativamente os benefícios do tratamento.

Radioterapia

Terapia que pode ser usada isoladamente ou em associação com ressecções cirúrgicas, com o objetivo de destruir células neoplásicas. Consiste na administração de feixes de radiação sobre a área onde está localizado o tumor, desta forma células que são saudáveis também podem ser atingidas. 

Eletroquimioterapia

Tratamento que associa drogas capazes de causar lesões nas células tumorais juntamente com a eletroporação, ou seja, pulsos elétricos curtos e intensos provocados por um eletroporador, formando poros que atravessam a membrana das células tumorais, facilitando a entrada do fármaco quimioterápico, lesionando essas células.

Vale ressaltar que várias outras terapias antineoplásicas também estão em constante estudo, porém muitas ainda não disponíveis no Brasil. 

Independente da escolha pelo médico veterinário ao tratamento isolado ou associado a outras modalidades, o controle de dor deverá ser primordial, visando qualidade de vida e respostas terapêuticas favoráveis, lembrando que a escolha dos analgésicos também irá depender da evolução tumoral e das características clínicas do paciente. 

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